Esforços dos produtores brasileiros na preservação ambiental são apresentados no Global Agribusiness Fórum no Uruguai

Quem vê o Brasil, atualmente, na segunda colocação entre os maiores exportadores globais de alimentos – atrás apenas dos Estados Unidos –, pode se confundir e pensar que esse quadro sempre foi assim.

Voltando no tempo, mais especificamente para a década de 1970, a realidade por aqui era outra.

“Não dá para falar hoje do Brasil e de sua sustentabilidade, sem contar o nosso histórico de insegurança alimentar, quando éramos o maior importador global de alimentos. Naquela época, não tínhamos uma tecnologia desenvolvida para encarar dificuldades impostas pelo clima tropical”, conta Gustavo Spadotti, Chefe-geral da EMBRAPA Territorial, no 3º painel do Global Agribusiness Fórum, que acontece nesta 5ª feira (6), em Punta del Este, no Uruguai.

Esse cenário, continua Spadotti, só foi superado pela visão de notáveis brasileiros, como Alysson Paolinelli e Eliseu Alves, que, na década de 80, mandaram quase 1.000 jovens recém formados para os quatro cantos do planeta para entender a agricultura do mundo. “Voltaram esses 1.000 jovens para o Brasil e, ao lado dos produtores, desenvolveram soluções tecnológicas para superar as grandes dificuldades na produção de alimentos, fibras e energia”, completa.

A partir de então, o agronegócio brasileiro cresceu de maneira exponencial, espantando a insegurança alimentar, mas sem deixar de lado a sustentabilidade e a preservação ambiental.

De acordo com o Chefe-geral da EMBRAPA Territorial, hoje em dia, o Brasil possui 66% das suas área nativas preservadas, de duas maneiras diferentes. A primeira delas é a partir das Área Protegidas, que leva em consideração os parques nacionais e as áreas indígenas – somando todos os decretos que o estado brasileiro fez, temos 33% do território de área protegida.

Para efeito comparativo, pegando os países com mais de 2 milhões de Km², o Brasil lidera a lista de preservação. A Austrália aparece em segundo com 20% da sua área protegida; a China tem 15%; os EUA 12%; a Rússia 11%; o Canadá 10% e a Argentina 8%. A média global, contando todos os países, é 11%.

“Infelizmente não conseguimos comunicar isso para a sociedade brasileira e nem para a comunidade global com clareza, para mostrar que estamos fazendo nosso dever de casa”, lamenta Spadotti.

Além das áreas nacionais protegidas, as propriedades particulares devem, de acordo com seus tamanhos, preservar de 20% e 80% da sua área. “Para isso, cada produtor rural tem que fazer um cadastro online e dizer quais área ele destina para a preservação ambiental dentro dos seus imóveis”, explica Gustavo. Dentro das propriedades particulares, encontram-se 282 milhões de hectares destinados à preservação da vegetação nativa pelos produtores rurais, cerca de 33% do território nacional.

Toda a preservação ao longo dos anos não impediu o Brasil de se tornar referência no combate à insegurança alimentar, expandindo, ano a ano, sua produção de alimentos. Segundo Spadotti, existem três jeitos de aumentar a produção de alimentos, em qualquer lugar: ou aumentar a área cultivada, ou aumentar a produtividade ou intensificar o uso da terra.

A primeira opção é um problema, uma vez que começa a conflitar com as áreas preservadas. A segunda, o Brasil tem executado com sucesso; exemplo disso é o caso da soja –  se tivéssemos a mesma produtividade da década de 70, precisaríamos de quase 70 milhões de hectares a mais para colher o que produzimos hoje. A terceira opção também vem sendo feita pelo Brasil. O melhor exemplo que temos é a Integração Lavoura Pecuária Floresta.

Nessa linha da segurança alimentar, Daniela Kallas, Sócia e Diretora de Relações Institucionais do Polvo Lab, que também participou do painel, defende o emprego do cooperativismo.

“Agricultura familiar, alinhada ao cooperativismo é um grande motor de transformação. O cooperativismo não é apenas um modelo de gestão, mas um modelo de vida. Ele transforma produtores isolados em protagonistas”, explica.

“Cooperativas bem estruturadas dão poder de negociação, reduzem custos, promovem uma troca de conhecimento e criam um senso de pertencimento que vai além do econômica, criando um tecido social resiliente”, completa.

Embora muitas vezes invisíveis aos olhos do grande mercado, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Entre as principais dificuldades atuais do produtor familiar brasileiro estão: acesso restrito à tecnologia e inovação, baixa produtividade, falta de formação técnica e dificuldade de acesso à capital.

 

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