A correalizadora do Global Agribusiness Forum (GAF), Sociedade Rural Brasileira (SRB) realizou um importante debate no dia 12 de novembro, durante a COP 30, em Belém (PA), destacando os desafios para que o agronegócio tropical tenha mais acesso a linhas de financiamento voltadas à questão climática.
O painel foi realizado na Agrizone, um espaço organizado pela Embrapa na capital paraense, durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que recebe participantes do mundo inteiro.
O debate foi liderado pelo vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Adrien, que destacou a importância da agropecuária não apenas no tema das emissões, mas principalmente pelo papel de remoção de carbono, que ainda enfrenta desafios em relação à mensuração do que é feito no campo.
Eduardo Bastos, CEO do Instituto Equilíbrio e representante da Abag, foi o primeiro painelista. Ele destacou que o agro responde por 18% das emissões de gases de efeito estufa no mundo e de 25% no Brasil, por isso afirmou que “não tem solução climática que não passe pelo agro”.
Aline Vik, produtora rural da Fazenda Estância, contou que trabalha com agricultura regenerativa há 4 anos. “Se eu não fizer (a adoção de práticas de baixo carbono), provavelmente daqui 10 anos, vou produzir menos, por isso tomamos as decisões sempre pensando em melhorar a saúde do solo”, afirmou.
Outro painelista foi o CEO da Syngenta, André Savino, que defendeu um tripé técnico, educacional e financeiro para dar suporte à transição climática na agricultura. Ele informou que o Programa Reverte, de recuperação de pastagens degradadas, realizado em conjunto com o Itaú BBA, já está medindo os impactos em relação ao meio ambiente em 290 mil hectares.
Já Pedro Fernandes, diretor de agronegócio do Itaú BBA, disse que o banco tem a meta de emprestar R$ 1 trilhão até 2030 em linhas voltadas ao impacto positivo e transição climática. “A agricultura é a única atividade econômica que captura carbono da atmosfera, isso precisa ser dito”, defendeu.
Segundo o coordenador da FGV Agro, Guilherme Bastos, a fundação tem feito um trabalho de curadoria, reunindo todos os estudos que buscam tropicalizar a metodologia que mensura o balanço de carbono no setor.
“A gente tem feito todos os esforços de traçar cenários de descarbonização para 2050”, conta. Um dos trabalhos é para calcular os custos envolvidos para o produtor que busca migrar para um modelo de agricultura e pecuária de baixo carbono.
Taciano Custódio, head de sustentabilidade do Rabobank, citou como exemplo uma linha de crédito que está sendo oferecida pelo banco com prazo de 20 anos para produtores rurais que estejam em “déficit” com a reserva legal, determinada pelo Código Florestal.
Também participou do painel Anselmo del Toro Arce, da área de relações institucionais da Solinftec, empresa que vem desenvolvendo tecnologias digitais com foco em sustentabilidade.